Tropicalismo foi um movimento cultural do fim da década de 60 que, usando deboche, irreverência e improvisação, revoluciona a música popular brasileira, até então dominada pela estética da bossa nova. Liderado pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o tropicalismo usa as idéias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para aproveitar elementos estrangeiros que entram no país e, por meio de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. O movimento é lançado com a apresentação das músicas Alegria, Alegria, de Caetano, e Domingo no Parque, de Gil, no Festival de MPB da TV Record em 1967.
O disco Tropicália, manifesto do movimento, vai da estética brega do tango-dramalhão Coração Materno, de Vicente Celestino, à influência dos Beatles e do rock. O movimento acaba com a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968. Caetano e Gil são presos e, depois, exilam-se na Inglaterra. Em 1997, quando se comemoram os 30 anos do tropicalismo, são lançados dois livros que contam a história do movimento: Verdade Tropical, de Caetano Veloso, e Tropicália - A História de uma Revolução Musical, do jornalista Carlos Calado.
Letra da música:
Tropicália
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país...
Viva a bossa
Sa, sa
Viva a palhoça
Ca, ça, ça, ça...(2x)
O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão...
Viva a mata
Ta, ta
Viva a mulata
Ta, ta, ta, ta...(2x)
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa
E fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira
Entre os girassóis...
Viva Maria
Ia, ia
Viva a Bahia
Ia, ia, ia, ia...(2x)
No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim...
Viva Iracema
Ma, ma
Viva Ipanema
Ma, ma, ma, ma...(2x)
Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém!
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem!
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem!...
Da, da
Carmem Miranda
Da, da, da, da...(3x)
Hoje em dia, escutamos músicas como esta e nem sequer passa pela nossa cabeça que ela já foi motivo de exilar alguém, vivemos em uma época marcada pela liberdade de expressão, onde nós, jovens, temos e somós a voz do povo, temos o poder de mudar o nosso país, basta escolhermos se vai ser pra melhor ou pra pior.Devemos então agradecer a Caetano por ter lutado do jeito dele pela liberdade, pela nossa liberdade.
ResponderExcluirElizabeth Maria 9 ano "E"
A música é bem alegre e parece se encaixar perfeitamente com o ritmo dos instrumentos simples. Relata uma verdadeira odisseia por todo esse brasil, do Rio ao sertão nordestino, é a cara do Brasil em letras. Quem diria que uma homenagem tão bonita poderia levar ao exílio de Caetano e Gil na Inglaterra... Mesmo assim, o Brasil agradece por Tropicália, um símbolo da sua cultura e da perseverança de Caetano nesse movimento irreverente e inesquecível, tal como ele.
ResponderExcluirVillany Maria 9 ano E
É interessante notar que Caetano mostra as contradições do país: samba e sangue, guerra e carnaval etc. São críticas que valem a pena comentar.
ResponderExcluirUm abraço!