sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tropicalismo


Tropicalismo foi um movimento cultural do fim da década de 60 que, usando deboche, irreverência e improvisação, revoluciona a música popular brasileira, até então dominada pela estética da bossa nova. Liderado pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o tropicalismo usa as idéias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para aproveitar elementos estrangeiros que entram no país e, por meio de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. O movimento é lançado com a apresentação das músicas Alegria, Alegria, de Caetano, e Domingo no Parque, de Gil, no Festival de MPB da TV Record em 1967.
O disco Tropicália, manifesto do movimento, vai da estética brega do tango-dramalhão Coração Materno, de Vicente Celestino, à influência dos Beatles e do rock.
O movimento acaba com a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968. Caetano e Gil são presos e, depois, exilam-se na Inglaterra. Em 1997, quando se comemoram os 30 anos do tropicalismo, são lançados dois livros que contam a história do movimento: Verdade Tropical, de Caetano Veloso, e Tropicália - A História de uma Revolução Musical, do jornalista Carlos Calado.

Letra da música:

Tropicália

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país...

Viva a bossa
Sa, sa
Viva a palhoça
Ca, ça, ça, ça...(2x)

O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão...

Viva a mata
Ta, ta
Viva a mulata
Ta, ta, ta, ta...(2x)

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa
E fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira
Entre os girassóis...

Viva Maria
Ia, ia
Viva a Bahia
Ia, ia, ia, ia...(2x)

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim...

Viva Iracema
Ma, ma
Viva Ipanema
Ma, ma, ma, ma...(2x)

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém!
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem!
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem!...

Viva a banda
Da, da
Carmem Miranda
Da, da, da, da...(3x)

3 comentários:

  1. Hoje em dia, escutamos músicas como esta e nem sequer passa pela nossa cabeça que ela já foi motivo de exilar alguém, vivemos em uma época marcada pela liberdade de expressão, onde nós, jovens, temos e somós a voz do povo, temos o poder de mudar o nosso país, basta escolhermos se vai ser pra melhor ou pra pior.Devemos então agradecer a Caetano por ter lutado do jeito dele pela liberdade, pela nossa liberdade.

    Elizabeth Maria 9 ano "E"

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  2. A música é bem alegre e parece se encaixar perfeitamente com o ritmo dos instrumentos simples. Relata uma verdadeira odisseia por todo esse brasil, do Rio ao sertão nordestino, é a cara do Brasil em letras. Quem diria que uma homenagem tão bonita poderia levar ao exílio de Caetano e Gil na Inglaterra... Mesmo assim, o Brasil agradece por Tropicália, um símbolo da sua cultura e da perseverança de Caetano nesse movimento irreverente e inesquecível, tal como ele.
    Villany Maria 9 ano E

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  3. É interessante notar que Caetano mostra as contradições do país: samba e sangue, guerra e carnaval etc. São críticas que valem a pena comentar.
    Um abraço!

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