terça-feira, 27 de outubro de 2009

Nossa poetisa: Cecília Meireles-poemas

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

CANÇÃO DE OUTONO

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

O Amor

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!

Nossa poetisa: Cecília Meireles


"Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve..."

Optamos por Cecília Meireles para mostrar o lado feminino da poesia, tão pouco conhecido. Essa poetisa nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Aos três anos ficou orfã de pai e de mãe, sendo assim criada pela avó portuguesa, D. Jacinta Garcia Benevides, desde então. Lecionou em várias universidades sobre a literatura brasileira, aprendeu também a cantar e a tocar violino.
Empenhou-se na renovação da Educação, tendo organizado a primeira biblioteca infantil do país. Em 1919, publicou seu primeiro livro, "Espectros", obra considerada atemporal por muitos críticos, pois, embora tivesse influência do Modernismo, apresentava ainda heranças do Simbolismo e técnicas do Classicismo, Gongorismo, Romantismo, Parnasianismo, Realismo e Surrealismo.
A partir de 1922, passou a integrar a corrente espiritualista, ala católica do movimento modernista, que teria na revista Festa seu principal veículo de expressão.
Em 1935, o suicídio do marido, que sofria de depressão aguda, força-a a ampliar suas atividades de professora e jornalista para educar as filhas.
Alcança a maturidade como poeta em 1938 com a publicação de "Viagem", premiado pela Academia Brasileira de Letras. Casada novamente, com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, começa uma intensa atividade profissional e literária, com freqüentes viagens ao exterior, que se refletiriam em obras como "Doze Noturnos de Holanda" e "Poemas Escritos na Índia". Após anos de minuciosa pesquisa histórica, publica o "Romanceiro da Inconfidência", em 1953. Cecília Meireles morreu em 9 de novembro de 1964 de cancêr no Rio de Janeiro. No ano seguinte, a ABL concede-lhe postumamente o prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.

domingo, 11 de outubro de 2009

"Memórias Reveladas"


O Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, denominado "Memórias Reveladas", foi institucionalizado pela Casa Civil da Presidência da República e implantado no Arquivo Nacional com a finalidade de reunir informações sobre os fatos da história política recente do País.

Dando continuidade a iniciativas dos últimos governos democráticos, em novembro de 2005, o Presidente Lula assinou decreto regulamentando a transferência para o Arquivo Nacional dos acervos dos extintos Conselho de Segurança Nacional, Comissão Geral de Investigações e Serviço Nacional de Informações, até então sob custódia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e passou à Casa Civil a coordenação do recolhimento dos arquivos.

O Centro constitui um marco na democratização do acesso à informação e se insere no contexto das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um pedaço de nossa história estava nos porões. O "Memórias Reveladas" coloca à disposição de todos os brasileiros os arquivos sobre o período entre as décadas de 1960 e 1980 e das lutas de resistência à ditadura militar, quando imperaram no País censura, violação dos direitos políticos, prisões, torturas e mortes. Trata-se de fazer valer o direito à verdade e à memória.

A criação do Centro suscitou, pela primeira vez, acordos de cooperação firmados entre a União, Estados e o Distrito Federal para a integração, em rede, de arquivos e instituições públicas e privadas em comunicação permanente. Até o momento, em 13 Estados e no Distrito Federal foram identificados acervos organizados em seus respectivos arquivos públicos. Digitalizados, passam a integrar a rede nacional de informações do Portal "Memórias Reveladas", sob administração do Arquivo Nacional.

Essa iniciativa inédita está possibilitando a articulação entre os entes federados com vistas a uma política de reconstituição da memória nacional do período da ditadura militar. Os acordos firmados entre a União e os Estados detentores de arquivos viabilizam o cumprimento do requisito constitucional de acesso à informação a serviço da cidadania.

Estamos abrindo as cortinas do passado, criando as condições para aprimorarmos a democratização do Estado e da sociedade. Possibilitando o acesso às informações sobre os fatos políticos do País reencontramos nossa história, formamos nossa identidade e damos mais um passo para construir a nação que sonhamos: democrática, plural, mais justa e livre.

Dilma Vana Rousseff
Ministra-Chefe da Casa Civil

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Soy loco por ti America

“Soy loco por ti América” é uma canção escrita por Gilberto Gil, José Carlos Capinan e Torquato Neto em 1966, para Caetano Veloso, que a gravou em seu primeiro disco, lançado em 1968.É uma das músicas mais representativas do Tropicalismo.
A letra é em espanhol e português sendo uma apaixonada declaração de amor à América Latina, uma descrição da sua riqueza, sua natureza, sua cultura, sua gente, da liberdade e da esperança. Alguns versos dão a sensação de que ele está declarando o seu amor por uma mulher, mas na verdade ele se refere à saudade de sua terra tão querida durante os tempos de exílio.


Soy Loco Por Ti, America
Composição: Gilberto Gil/José Carlos Capinan

Soy loco por ti, América
Yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Marti
Que su nombre sea Marti...

Soy loco por ti de amores
Tenga como colores
La espuma blanca
De Latinoamérica
Y el cielo como bandera
Y el cielo como bandera...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

Sorriso de quase nuvem
Os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas
O corpo cheio de estrelas
Como se chama amante
Desse país sem nome
Esse tango, esse rancho
Esse povo, dizei-me, arde
O fogo de conhecê-la
O fogo de conhecê-la ...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo, quién sabe?
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente...

El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva
Noite se espalhe em Latino américa
El nombre del hombre
Es pueblo, el nombre
Del hombre es pueblo...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

Espero o manhã que cante
El nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes
Soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe
Com palmeiras, com trincheiras
Canções de guerra
Quem sabe canções do mar
Ai hasta te comover
Ai hasta te comover...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

Estou aqui de passagem
Sei que adiante
Um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
De susto, de bala ou vício...

Num precipício de luzes
Entre saudades, soluços
Eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos
Nos braços de uma mulher
Nos braços de uma mulher...

Mais apaixonado ainda
Dentro dos braços da camponesa
Guerrilheira, manequim, ai de mim
Nos braços de quem me queira
Nos braços de quem me queira...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(4x)

Fonte do texto:www.wikipedia.com.br

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Como foi o movimento do Tropicalismo?

Foi simplesmente um histórico passo adiante no meio musical brasileiro. Foi caracterizado pela introdução de novos elementos,que estavam em vigor no contexto internacional,dentro da realidade da música brasileira. Essa mistura do pop, do popular e do experimentalismo estético impulsionaram uma mudança substancial na cultura nacional.
Embora inovador, esse movimento usou de artifícios antigos para espalhar a sua arte, como o mimeógrafo (máquina antiga usada para fazer cópias de papel escrito em grande escala) , planfetos, revistas caseiras, pichações em muros. A marginalidade foi usada como meio de ameaça ao sistema, tudo para espalhar a idéia de que o povo precisava se libertar.
O comportamento exótico dos jovens, incluindo bissexualidade, uso de tóxicos e gestos ilegais, faziam parte de uma contestação de caráter político.
A censura exigia dos artistas a habilidade de driblar a repressão e buscar meios de deixar implícito seus pontos de vistas.
Tudo isso fez da poesia um trabalho coloquial e lúdico, onde o que importava era a realidade imediata, não fazia sentido escrever sobre algo bonito em uma época de horrores.

site de ajuda: http://www.cliquemusic.com.br/br/generos/generos.asp?nu materia=28
Fonte da imagem:www.google.com.br

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

É proibido proibir

A apresentação de “É proibido proibir” acabou se transformando num acontecimento naquela noite de domingo, 15 de setembro de 1968. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, a música de Caetano foi recebida com furiosa vaia pelo público que lotava o auditório.

Os Mutantes mal começaram a tocar a introdução da música e a platéia já atirava ovos, tomates e pedaços de madeira contra o palco. O provocativo Caetano apareceu vestido
com roupas de plástico brilhante e colares exóticos. Entrou em cena rebolando, fazendo
uma dança erótica que simulava os movimentos de uma relação sexual. Escandalizada,
a platéia deu as costas para o palco. A resposta dos Mutantes foi imediata: sem parar
de tocar, viraram as costas para o público.

Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, tamanho era
o barulho dentro do teatro.

É Proibido Proibir

A mãe da virgem diz que não
E o anúncio da televisão
E estava escrito no portão
E o maestro ergueu o dedo
E além da porta
Há o porteiro, sim...

E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças
Livros, sim...

(falado)
Cai no areal na hora adversa que Deus concede aos seus
para o intervalo em que esteja a alma imersa em sonhos
que são Deus.
Que importa o areal, a morte, a desventura, se com Deus
me guardei
É o que me sonhei, que eterno dura e esse que regressarei.

E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim...

E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tropicalismo


Tropicalismo foi um movimento cultural do fim da década de 60 que, usando deboche, irreverência e improvisação, revoluciona a música popular brasileira, até então dominada pela estética da bossa nova. Liderado pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o tropicalismo usa as idéias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para aproveitar elementos estrangeiros que entram no país e, por meio de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. O movimento é lançado com a apresentação das músicas Alegria, Alegria, de Caetano, e Domingo no Parque, de Gil, no Festival de MPB da TV Record em 1967.
O disco Tropicália, manifesto do movimento, vai da estética brega do tango-dramalhão Coração Materno, de Vicente Celestino, à influência dos Beatles e do rock.
O movimento acaba com a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968. Caetano e Gil são presos e, depois, exilam-se na Inglaterra. Em 1997, quando se comemoram os 30 anos do tropicalismo, são lançados dois livros que contam a história do movimento: Verdade Tropical, de Caetano Veloso, e Tropicália - A História de uma Revolução Musical, do jornalista Carlos Calado.

Letra da música:

Tropicália

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país...

Viva a bossa
Sa, sa
Viva a palhoça
Ca, ça, ça, ça...(2x)

O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão...

Viva a mata
Ta, ta
Viva a mulata
Ta, ta, ta, ta...(2x)

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa
E fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira
Entre os girassóis...

Viva Maria
Ia, ia
Viva a Bahia
Ia, ia, ia, ia...(2x)

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim...

Viva Iracema
Ma, ma
Viva Ipanema
Ma, ma, ma, ma...(2x)

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém!
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem!
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem!...

Viva a banda
Da, da
Carmem Miranda
Da, da, da, da...(3x)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Alegria, alegria

Em janeiro de 1968 ocorre a gravação do primeiro LP individual de Caetano Veloso. No disco ressaltam grandes e memoráveis clássicos como Alegria, alegria, a emblemática Tropicália, Soy loco por ti, América, No dia que eu vim-me embora e Superbacana.

Alegria, alegria

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não...

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...


Caetano fala de que está "caminhando contra o vento", "no sol de quase dezembro" e "em caras de presidentes", algumas indiretas em relação a recém instaurada ditadura militar no Brasil. Por coincidência foi justamente em dezembro que ele e Gilberto Gil foram presos sob o pretexto de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira. São levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio de Janeiro, e têm suas cabeças raspadas.

sábado, 8 de agosto de 2009

O que faremos


O blog falará sobre um dos Mestres da música e da poesia de protesto durante o período da ditadura militar, instituído no Brasil em 1964 e cujos governos perduraram até 1985, conhecido como Caetano Velloso.
Desde o início da carreira, Veloso sempre demonstrou uma posição política ativa e esquerdista, ganhando por isso a inimizade do regime militar. Como consequência disso, suas músicas chegaram muitas vezes a serem censuradas e até mesmo banidas. Além de sua arte, Caetano Velloso também sofreu ao ser preso e ter sua cabeça raspada. Entretanto o pior castigo que o cantor e compositor já teve que enfrentar foi o exílio na Inglaterra, longe da Bahia e com a saudade apertando o coração.
Nesse impasse entre a poesia de Caetano e sua liberdade houve muitos altos e baixos, para saber mais, venha conferir nosso blog!