quarta-feira, 9 de setembro de 2009

É proibido proibir

A apresentação de “É proibido proibir” acabou se transformando num acontecimento naquela noite de domingo, 15 de setembro de 1968. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, a música de Caetano foi recebida com furiosa vaia pelo público que lotava o auditório.

Os Mutantes mal começaram a tocar a introdução da música e a platéia já atirava ovos, tomates e pedaços de madeira contra o palco. O provocativo Caetano apareceu vestido
com roupas de plástico brilhante e colares exóticos. Entrou em cena rebolando, fazendo
uma dança erótica que simulava os movimentos de uma relação sexual. Escandalizada,
a platéia deu as costas para o palco. A resposta dos Mutantes foi imediata: sem parar
de tocar, viraram as costas para o público.

Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, tamanho era
o barulho dentro do teatro.

É Proibido Proibir

A mãe da virgem diz que não
E o anúncio da televisão
E estava escrito no portão
E o maestro ergueu o dedo
E além da porta
Há o porteiro, sim...

E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças
Livros, sim...

(falado)
Cai no areal na hora adversa que Deus concede aos seus
para o intervalo em que esteja a alma imersa em sonhos
que são Deus.
Que importa o areal, a morte, a desventura, se com Deus
me guardei
É o que me sonhei, que eterno dura e esse que regressarei.

E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim...

E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...

3 comentários:

  1. Acho que Caetano não analisou o público de forma correta quando apareceu daquele jeito em uma Universidade Católica, o público não estava pronto para algo tão diferente. Caetano deixa claro que é necessário que o povo se rebele para que assim haja liberdade, derrubar tudo que os prendia, inclusive a censura. Mas acho que ele não conseguiu mostrar isso, pois de certa forma ele assustou o público e com razão.

    Elizabeth Maria 9 ano "E"

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  2. Ao meu ver, a letra não tem nada de mais, a menos que eu não compreenda algo implícito na letra da música, para mim a letra não tem nada de mais. Ela, de certa forma, incentiva a população a se rebelar, a derrubar tudo, a acabar com a censura, por meio de metáforas implícitas, mas deixa bem claro o propósito principal: "É proibido proibir".
    Infelizmente, Caetano deu um passo maior que a perna. Entrar com aquela roupa e fazendo aqueles gestos em plena Universidade Católica é o que podemos chamar de burrice. É totalmente previsível a reação do público a tamanho atentado ao pudor. Para mim, uma coisa é liberdade de expressão, outra é a quebra do pudor a um nível "liberal demais", tanto para a época quanto para os dias de hoje.

    Villany Maria 9 ano "E"

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  3. Realmente, garotas. Tudo que é novo espanta, muitas vezes. Mas não podemos deixar de pensar que às vezes é preciso chocar para provocar uma parada, uma reflexão mais crítica sobre si ou sobre o mundo que nos cerca.
    Se vocês conseguirem alguma foto dessa apresentação seria bastante interessante.
    Um abraço!

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